Ensino de Música Inclusivo é “LEGAL”!
A Organização Mundial de Saúde afirma que 10% da população mundial é portadora de determinada deficiência, sendo que este percentual é maior nos países subdesenvolvidos. Desde o século XIX, as propostas inclusivas no que se refere aos portadores de deficiências ou necessidades especiais têm crescido consideravelmente. Há tipos e níveis diferentes de comprometimento físico, sensorial e mental. Algumas pessoas possuem deficiências realmente sérias que impossibilitam a sua inserção no curso de música, mas há deficiências que nada comprometem a capacidade de absorção e realização musical.
Muitas famílias “superprotegem” os filhos “especiais” ou somente cuidam da deficiência e se esquecem da pessoa que há por trás dela. Outras famílias têm vergonha de possuir um filho deficiente e por esse motivo o isola do mundo. Nesta época em que se fala tanto em inclusão social, o estudo da música não poderia ficar de fora. Se uma pessoa tem uma boa imagem de si mesma, ela poderá se relacionar melhor com os outros. E a música também tem esta função, portanto, ela deve fazer parte da inclusão. Muitos são os exemplos de músicos famosos “deficientes” que, na minha opinião, nós é que somos deficientes por não termos a capacidade que eles têm : Ray Charles (cantor e pianista), Stevie Wonder (cantor e pianista), Andrea Bocelli (cantor lírico), entre outros.
A Educação Musical é responsável por uma contribuição importante e significativa com o processo integral do desenvolvimento humano. A música influencia positivamente o homem, externamente (no que se refere ao âmbito social e cultural) e, internamente (na medida em que se relaciona com as suas estruturas psicofísicas). Ela também pode favorecer o desenvolvimento emocional, a conscientização de si mesmo, o despertar das emoções e favorecer a integração social e emocional. É sabido que a experiência musical tem a propriedade de estimular nossa percepção e imaginação com tal profundidade que, em situações clínicas nas quais a comunicação verbal muitas vezes falha, a musical consegue sucesso.
A musicografia Braille veio contribuir para que o deficiente visual esteja em posição de igualdade com o músico vidente. Durante muito tempo ensinou-se música para D.V. através da imitação e consequentemente, memorização. Hoje, a musicografia Braille dá oportunidade ao deficiente visual tocar peças de compositores consagrados como Mozart, Beethoven, Chopin, exatamente como elas foram escritas pelos compositores. Na musicografia Braille, sistema de escrita e leitura em alto relevo utilizado pelos deficientes visuais encontram-se os mesmos sinais musicais utilizados na escrita musical convencional.
A música também pode ser ensinada para portadores da Síndrome de Down, que diferente do que muitas pessoas pensam não é uma doença, mas sim uma anomalia genética que ocorre devido ao erro de divisão dos gametas parentais. Apesar dos portadores de Síndrome de Down apresentarem um nível intelectual “abaixo da média” e, portanto, um aprendizado mais lento, são pessoas alegres, que gostam de cantar e a música pode contribuir inclusive para melhorar a expressão verbal. Quanto mais cedo uma criança com Síndrome de Down for estimulada, melhores serão os resultados obtidos. Aula de música com muito canto, instrumentos de percussão com as quais ela possa explorar diferentes sons, outras crianças com as quais ela possa compartilhar aquele momento, darão oportunidade à criança usar melhor as suas capacidades.
A música também pode ser ensinada para portadores de deficiências físicas, desde que se escolha o instrumento musical adequado para que o aluno possa tirar o melhor proveito considerando-se a sua deficiência.
Enfim, basta o professor ter boa vontade, criatividade para lidar com as diferenças e adaptar o seu material de acordo com as necessidades de cada aluno. A música deve fazer parte da educação de todas as crianças, sem exceção.
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